Tarcísio Meira morre aos 85 anos, vítima da Covid-19
14:59 12/08/2021
Ator foi internado na sexta-feira, 6 de agosto, e intubado na Unidade de Terapia Intensiva
Tarcísio Meira morreu aos 85 anos de idade nesta quinta-feira (12). O ator foi vítima das complicações da Covid-19 e havia sido internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no dia 6 de agosto, com a mulher, Glória Menezes. A informação foi confirmada por Tadeu Lima, assistente pessoal do casal, para Quem.
A família também anunciou a morte em um comunicado publicado nas redes sociais. “Comunicamos o falecimento do nosso querido Tarcísio Meira, nosso eterno João Coragem, que lutou bravamente contra essa terrível doença. Agradecemos a todos pelas orações e por ter nos acompanhado esse tempo todo, estamos arrasados”, diz a publicação.
Em recente entrevista à Quem, o ator falou sobre envelhecer: “Não tem nada de melhor na velhice, tudo é pior. Envelhecer é uma coisa muito chata. Tem limitações física e intelectuais cada vez maiores. A memória não é mais a mesma. A morte está aí. Qualquer hora ela chega. Que chegue bem. Não penso muito nisso. Me preocupo em ficar bem, cuidar da minha saúde, não saio por aí fazendo loucuras. Faço as minhas consultas, vejo as coisas que estão erradas comigo e procuro corrigi-las, faço academia, minha ginastiquinha… Não faço tanto quanto deveria, mas faço.”
Considerado um dos maiores atores da dramaturgia, Tarcísio nasceu em outubro de 1935, em São Paulo. Ele começou a carreira artística após desistir de se tornar diplomata no final dos anos 1950 no teatro, em peças como Chá e Simpatia e Quando As Paredes Falam, ambas em 1957.
Tarcísio estreou na TV Tupi em 1959 no teleteatro Noites Brancas. Dois anos depois, contracenou primeira vez com Glória Menezes em Uma Pires Camargo, em 1961, de Geraldo Vietri. Os dois se casaram no ano seguinte. Único filho do casal, Tarcísio Filho nasceu em 1964.
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Na Excelsior, o ator se destacou pela atuação com a mulher em 2-5499 Ocupado (1963), de Dulce Santucci, e fez mais nove trabalhos da emissora. Em 1967, eles fizeram sua estreia na Globo em Sangue e Areia e se consagraram como um dos casais favoritos da TV brasileira.
Na década de 1980, Tarcísio teve desafios na carreira e fez papéis que quebrou estigmas na época. Em 1981, ele atuou em Idade da Terra, de Glauber Rocha, e O Beijo no Asfalto, de Bruno Barreto, em que beijava o personagem de Ney Latorraca.
Entre seus principais trabalhos estão Irmãos Coragem (1970), Cavalo de Aço (1973), ‘O Semideus (1973), Guerra dos Sexos (1983), O Tempo e o Vento (1985), Desejo (1990), Rei do Gado (1996), Torre de Babel (1998), Hilda Furacão (1998), A Muralha (2000), O Beijo do Vampiro (2002), Senhora do Destino (2004), Páginas da Vida (2006), A Favorita (2008), A Lei do Amor (2016) e Orgulho e Paixão (2018). A novela das 2018 foi a última de sua carreira. Ele interpretou Lorde Williamson, um poderoso industrial inglês, mas foi afastado da trama por uma infecção pulmonar.
No teatro, Tarcísio apresentou 31 peças. Ele subiu ao palco pela última vez em 2019/2020, qundo reencenou O Camareiro, peça que protagonizou em 2015. Ele vendeu o Prêmio Shell de Melhor Ator em 2016 pelo papel.
Para a Quem, Tarcísio falou sobre a carreira repleta de sucessos. “Não sinto falta de estar sempre ocupado. Sinto que já fiz bastante coisa, muitas boas e outras nem tanto… Tudo foi acontecendo quase como um turbilhão na minha vida. Nem parava muito para pensar, não dava tempo. Tive pouco tempo para mim na minha vida. Não sei como é hoje em dia fazer novela, tenho impressão que é mais fácil, mais dividido. Antes era concentrada em muitos poucos atores. Acho que ninguém decorou tanto texto quanto eu.”
Nascido Tarcísio Magalhães Sobrinho no dia 5 de outubro de 1935, em São Paulo, o sobrenome do ator veio “emprestado” de sua mãe, Maria do Rosário Meira Jáio de Magalhães. A adoção do nome artístico “Tarcísio Meira” foi pela quantidade de letras, o que era uma superstição do rapaz na época.
Glória e Tarcísio são considerados um dos maiores casais da TV brasileira. “Não tem muita fórmula. É muito amor. Tivemos a sorte de termos nos encontrado. Acho que se existe uma crise tão forte que justifique a separação, tem que se se separar mesmo. A gente passa por crises, mas há coisas melhores e maiores. Eu nunca fiz esforço para continuar casado com a minha mulher e nem ela. Houve uma época que brinquei que ia me separar só para satisfazer as pessoas. Daí pensava: ‘Depois eu volto’ (risos).”
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