Nesta semana, um grupo de alunos do ensino fundamental de uma escola privada de Campo Grande trocou as carteiras da sala de aula pelas poltronas do Tribunal do Júri.Os estudantes passaram a manhã de aprendizado acompanhando um julgamento de tentativa de homicídio duplamente qualificado, presidido pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, titular da 2ª Vara do Júri da Capital.

A visita dos alunos, todos do 9º ano da Escola Harmonia, faz parte de um projeto da disciplina de Língua Portuguesa relacionado com a obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, e a famosa dúvida sobre a traição da personagem Capitu, que será levada a julgamento pelos estudantes.

A professora Maria Cristina Alves Ferreira Leite, responsável pelo projeto, explicou o motivo de levar os estudantes até um julgamento verdadeiro. “Faz parte da preparação para o júri simulado da Capitu como acusada que faremos no segundo semestre aqui mesmo no Fórum. Então eles têm a oportunidade de assistir um júri real, fazer anotações das palavras utilizadas pelos profissionais envolvidos e também do roteiro passo a passo de como um julgamento é conduzido”, disse ela.

Segundo a professora, o projeto também é uma forma de demonstrar aos alunos a utilização das teorias aprendidas em sala de aula. “Os alunos veem a utilização prática da norma culta da língua portuguesa. Pelo projeto, eles aprendem a falar corretamente e a usar aqueles conteúdos gramaticais sobre orações vistos em sala. Para nós, mais importante do que conhecer as regras gramaticais, é saber utilizá-las, tanto na forma escrita, quanto na fala”.

A estudante Maria Eduarda Binz Santos e Silva, de 14 anos, que desempenhará o papel de juíza no júri simulado, revelou seu entusiasmo com a visita. “A gente veio mais para observar o comportamento, mas até agora me surpreendi bastante, pois nunca tinha visto um julgamento. Achei excepcional o trabalho de todo mundo”.

Indagada sobre o que mais lhe chamou a atenção no trabalho do juiz, ela afirmou ser o posicionamento imparcial. “O juiz falou no começo sobre ter que tomar cuidado sobre a sua posição durante a fala, para não mostrar o que você está pensando sobre o acusado. Vai me ajudar bastante na minha postura e no que falar no julgamento que vamos fazer”.

Para o juiz Aluízio Pereira dos Santos, a visita dos alunos vem ao encontro de um dos objetivos propostos pela Portaria nº 001/2018, exarada nesta mesma semana por ele e pelo juiz titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Carlos Alberto Garcete de Almeida. Na portaria, os magistrados regulamentaram o uso dos Plenários do Tribunal do Júri como extensão de suas salas de audiências e como locais de realização de audiências coletivas com estudantes.

“A presença desses alunos está intimamente ligada à política de aproximação do Poder Judiciário com a sociedade, mais especificamente com os estudantes, que buscamos com a Portaria. É uma forma de mostrar para eles um pouco sobre a carreira jurídica e o Poder Judiciário”, disse Aluízio.

Via: TJMS