Agropecuária

Carne bovina, suína e soja são destaque na demanda por produtos agrícolas da China no Brasil, que pode dobrar até 2050

Agora News MS

17:15 05/08/2020

O Ministro-Conselheiro da Embaixada da China no Brasil, Qu Yuhui, falou com exclusividade ao Notícias Agrícolas nesta terça-feira (4) detalhando as projeções de aumento de consumo por produtos agropecuários pela China, o qual deverá dobrar ate 2050, com o Brasil tendo papel determinante como fornecedor da nação asiática. Entre os destaques estão ainda a soja, a carne suína e, principalmente, a carne bovina.

O aumento e a sofisticação da demanda chinesa por alimentos pode ser atribuído, essencialmente, a um aumento do processo de urbanização da população e uma classe média de 400 milhões de pessoas, que é a maior do mundo. “Isso representa um potencial de consumo muito forte e uma demanda por produtos cada vez mais diversificados. E o papel do Brasil é muito importante neste crescimento”, diz o ministro.

Yuhui cita ainda um estudo da FAO – o braço da ONU para agricultura e alimentação – que mostra que este aumento da demanda global por produtos agrícolas deve ser atendido essencialmente pela produção brasileira. “E o Brasil pode fazer isso de maneira sustentável, ou seja, não precisa expandir muito a a área, mas apenas com a introdução de novas tecnologias. E isso para a China é uma grande notícia”, afirma. “Nós encorajamos as empresas chinesas a trabalharem com o lado brasileiro na inovação e em uma maior ênfase no uso de novas tecnologias, dando mais atenção à questão de economia verde e meio ambiente”, completa.

O comércio bilateral entre Brasil e China vam se intesificando e as relações comerciais, se intensificando, e a visão deste cenário “para este ano e para o ano que vem é cautelosamente otimista”, afirma o representante da nação asiática. No primeiro semestre, o saldo do comércio bilateral entre as duas nações foi positivo em 6,5%. “Isso foi feito apesar de todos os impactos da pandemia, o que mostra a resiliência do nosso comércio”, completa.

CARNES 

Embora a carne suína seja a mais consumida na China, aos poucos o comportamento chinês venha mudando e o consumo da carne bovina vem crescendo consideravelmente e ultrapassar os atuais 4 kg pe capita/ano. Assim, as importações deverão dobrar por parte dos chineses até 2027.

“Nos últimos quatro anos, tivemos um aumento de seis vezes de carne bovina brasileira importada pela China e a carne bovina importada pela China já responde por 30% da exportação brasileira. Isso mostra o potencial do consumo de carne bovina”, detalha o ministro. “E vamos depender cada vez mais de importação de carne suína, por outro lado. Até 2010, a China era autosuficiente e a produção da China respondia por 60% da produção mundial. Hoje em dia, essa participação já caiu para 45%, ou seja, estamos cada vez mais dependendo da importância de carne suína”, completa.

Hoje, o Brasil é o terceiro maior exportador desta proteína para a China, ficando atrás apenas dos EUA e da União Europeia, mas com espaço para ampliar ainda mais sua participação.

DIVERSIFICAÇÃO DA PAUTA IMPORTADORA

Além das proteínas e da soja, Qu Yuhui afirma que os governos chinês e brasileiro estão atuando para ampliar os itens do comércio agropecuário incluindo frutas, cereais, laticínios e café, entre outros.

“Nestes primeiros cinco meses do ano, o grão de café exportado do Brasil para a China teve aumento de quase 20% e como a China já é um dos grandes clientes em termos de café, acho que o produto brasileiro terá um grande mercado na China, onde o consumo está crescendo quase 35% por ano”, explica o ministro ao Notícias Agrícolas.

MILHO

Uma das metas do Brasil é importar milho para a China e os dois governos – com o MAPA e a Secretaria de Alfândegas da China – agora discutem os termos concretos de um protocolo para a comercialização do cereal. Hoje, o milho importado no mercado chinês ocupa algo como 9% a 10%, mas esse percentual deverá crescer nos próximos anos.

“No primeiro trimestre deste ano, a China teve um aumento de 27% na sua importação de milho. Todavia, a competição internacional é muito grande. Neste momento, a China importa, sobretudo, da Ucrânia e dos Estados Unidos e, portanto, se o milho brasileiro vai ocupar uma fatia do mercado chinês vai depender de muitos fatores. O consumo da China, o ritmo da expansão das importações, o ritmo das negociações entre autoridades governamentais sobre o protocolo de comercialização, etc. Mas como o Brasil é um país que vem aumentando sua produção, esse potencial existe, só precisamos entender como vamos viabilizar esse potencial”, explica.

 

via Notícias Agrícolas

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