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Como forma de incentivar a reinserção social, reeducandos participaram do 6º Prêmio “Benjamin Padoa”

Agora News MS

12:09 20/07/2019

Representando o Governo de Mato Grosso do Sul, o diretor-presidente da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), Aud de Oliveira Chaves, participou da entrega do “6º Prêmio Benjamin Padoa” para reeducandos e parceiros contratantes. Realizado pelo Conselho da Comunidade de Campo Grande, o evento aconteceu, nesta sexta-feira (19.7), no auditório da Faculdade Estácio de Sá – campus TV Morena.

O objetivo da ação é promover atividades de reinserção social do reeducando e estimular empresas que verdadeiramente assumem seu papel com a responsabilidade social. Este ano, foram agraciados e premiados em dinheiro os reeducandos Valmir Souza Silva e Arquimeia Conceição Rodrigues. Além disso, personalidades e empresas parceiras do Conselho da Comunidade de Campo Grande receberam homenagens.

Conforme o diretor-presidente da Agepen, o trabalho é considerado uma ferramenta essencial na recuperação e reintegração social de pessoas em privação de liberdade, além de ser fonte de renda e da dignidade humana. “São inúmeros os benefícios da reinserção do reeducando no mercado de trabalho, entre eles, a diminuição da violência urbana, valorização da autoestima, o preso tem a oportunidade em contribuir economicamente com a renda familiar, além de incentivar valores morais e sociais, ensinando cultura e a disciplina do trabalho”, ressaltou.

O dirigente também reforçou o trabalho desempenhado pela instituição, por meio da Diretoria de Assistência Penitenciária e a Divisão do Trabalho, para ampliar o número de parcerias em todo o estado. “Realizamos diversas ações que incentivam a ocupação produtiva de reeducandos, entre elas, o lançamento da cartilha ‘Mão de Obra Carcerária – Orientações para Futuros Conveniados’ que foi realizado em março deste ano”, disse.

O “prêmio Benjamin Padoa” leva o nome de um dos fundadores do Conselho da Comunidade de Campo Grande, figura de destaque na história da instituição e que, segundo os criadores da premiação, “ensinou muito por onde passava, sendo exemplo, para todos que o conheceram, de honestidade, bondade e respeito ao próximo”. Familiares do homenageado também estiveram presentes na premiação.

“Meu pai era um homem de Deus, pura luz e crescemos nessa luz. A mensagem que deixo hoje tem o foco na alma. Todos nós somos passíveis de erros, somos todos igualmente humanos e quando damos conta de olhar para aquilo que passou e aceitar nosso destino, encarar nossos erros, ter a consciência de que podemos de agora em diante fazer diferente e seguir – a gente segue com sucesso, a gente prospera e segue em paz. Vocês reeducandos hoje aqui presentes são grandes exemplos disso. Dentro de cada um de nós, na essência, existe um Deus, somos todos dignos. Meu pai sempre dizia que o amor de Deus é tão grande que Ele nos dá o livre arbítrio, porque o amor só é amor se ele for livre. Vocês são manifestação divina, mesmo através dos erros”, afirmou emocionada a filha de Benjamin, Miriam Padoa, acompanhada de seu filho, Benjamin Neto.

Em discurso, a presidente do Conselho da Comunidade, promotora de Justiça Regina Dornte Broch, destacou a importância de se acreditar no ser humano e valorizar a esperança que é o segredo para a vida. “Esse sentimento de que ‘daqui para frente será diferente’, todos vocês podem e devem sempre olhar um novo dia com esse sentimento de recomeço. E isso vale para todos nós, porque erramos, aprendemos com os erros e estamos nessa vida para evoluirmos”, contou, reforçando que Benjamin acreditava realmente nisso e tinha a generosidade e o amor como características muito marcantes.

Interno Ramão agradeceu a oportunidade de voltar ao mercado de trabalho

Através de depoimentos, reeducandos demonstraram a importância de receber uma oportunidade para seguir um novo rumo na vida, longe da criminalidade. “Agradeço a Deus por hoje estar aqui e a esse projeto que oportunizou uma chance de trabalhar, que me forneceu estrutura e suporte para transformar a minha história. Iniciativas como essa, além de cursos e capacitações fornecidas dentro do sistema prisional, realmente só não muda quem não quer”, garantiu o interno Ramão Saturnino de Lacerda.

Márcio se emociona ao falar que agora é funcionário público contratado

Já para Márcio Arantes da Silva, com a ajuda do Conselho conseguiu trabalhar em algumas secretarias estaduais quando estava em regime semiaberto. “Com o meu desempenho e dedicação, hoje estou em liberdade condicional e consegui me tornar funcionário público contratado”, comemorou, parabenizando a atuação do Conselho.

Atualmente, a Agepen conta com 183 parcerias, entre órgãos públicos e empresas privadas, que proporcionam ocupação produtiva a mais de 6,4 mil reeducandos, representando mais de 33% da massa carcerária. Dentro desse contexto, a parceria com o Conselho da Comunidade de Campo Grande proporciona, atualmente, trabalho lícito e remunerado a 180 homens e mulheres privados de liberdade na Capital.

Também estiveram presentes no evento o supervisor da Coordenadoria das Varas de Execução Penal de Mato Grosso do Sul, desembargador Luiz Gonzaga Mendes Marques; o juiz da 2ª Vara de Execução penal, Albino Coimbra Neto; o secretário executivo do Conselho da Comunidade de Campo Grande, Nereu Alves Rios; a promotora de Justiça Renata Ruth Fernandes Goya Marinho; o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar, coronel Joilson Alves do Amaral; o procurador de justiça, Helton Fonseca Bernardes; além de dirigentes da Agepen, agentes penitenciários e convidados.

Conselho da Comunidade 

O Conselho da Comunidade é um órgão criado pela Lei de Execução Penal para efetivar a participação da sociedade na recuperação do infrator, assim como para auxiliar o Poder Judiciário na fiscalização do cumprimento da pena. Seus conselheiros são nomeados pelo Juiz da Execução e devem visitar estabelecimentos penais, entrevistar, apresentar relatórios ao mesmo e diligenciar a obtenção de recursos materiais e humanos para melhor assistência ao internado, em harmonia com a direção do estabelecimento.

Este ano, o Conselho da Comunidade de Campo Grande completou 20 anos de atuação e foi criado para auxiliar os juízes e as autoridades constituídas junto aos egressos e à população carcerária em todas as tarefas vinculadas à readaptação e reconquista da cidadania plena. Por dois anos consecutivos, a instituição foi contemplada com o Selo Resgata – uma certificação nacional de responsabilidade social concedida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), com o objetivo de dar reconhecimento às empresas que utilizam mão de obra prisional.

São oferecidos pelo Conselho, vários tipos de mão de obra como: alvenaria, construção civil, corte e costura, elétrica, hidráulica, jardinagem e paisagismo, pinturas e texturas, reciclagem de lixo e serviços gráficos.

Fonte: Portal do Governo de Mato Grosso do Sul

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