Economia

Greve faz cesta básica custar 37% do “mínimo” a douradenses

Agora News MS

16:26 10/06/2018

Garantir o sustento da família não está sendo tarefa fácil para o trabalhador douradenses, especialmente aqueles que se desdobram para manter a casa com apenas um salário mínimo, R$ 954.E quem confirma isso são os pesquisadores do curso de Ciências Econômicas da FACE-UFGD (Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Economia da Universidade Federal da Grande Dourados) realizada na primeira semana deste mês.

O levantamento tomou dados colhidos entre abril e maio, e aponta impactos duríssimos provocados pela greve dos caminhoneiros ao bolso do consumidor.

Segundo a pesquisa, em abril os produtos que compõem a cesta básica [açúcar, arroz, banana, batata, café, carne, farinha de trigo, feijão, leite, margarina, óleo de soja, pão-francês e tomate] totalizaram preço médio de R$ 332,26, referente a 34,8% do salário mínimo.

No mês maio, esse percentual saltou para 37,9% com a cesta batendo os R$ 362,40. O preço aplicado naquele mês foi maior do que nas sete capitais brasileiras abaixo:

Manaus: R$357,71

São Luís: R$349,98

Aracajú: R$349,29

João Pessoa: R$346,42

Natal: R$341,18

Recife: R$336,36

Salvador: R$327,56

COMPARATIVO DE HORAS

De acordo com a Constituição Brasileira, o trabalhador precisa cumprir 220 horas mensais de serviço. No caso dos douradenses, para garantir pelo menos a cesta básica no mês de maio, foi necessário exercer 83 horas e 34 minutos, enquanto no mês anterior o período necessário foi de 76 horas e 42 minutos.

“Os reflexos da greve nacional por parte dos caminhoneiros repercutiram fortemente sobre a cidade de Dourados. Dos 13 produtos que compõem a Cesta Básica, 9 apresentaram uma elevação de preços no mês de maio na cidade”, afirma a pesquisa.

Em contrapartida, entre os produtos que compõem a cesta, quatro diminuíram os preços no mês de maio, sendo, o café com 4,71%, o arroz com 4,52%, o açúcar com 3,83% e o leite com 1,79% de queda.

A orientação dos pesquisadores é que os douradenses se esforcem para pesquisar os preços dos estabelecimentos. De acordo com os dados obtidos, os preços colhidos nos comércios de alimentos variam entre R$299,12 e R$423,22.

O SALÁRIO MÍNIMO IDEAL

Para o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas durante o mês de maio deveria equivaler a R$3.869,92, 4,13 vezes o salário praticado no mês.

Isso porque segundo a Constituição Nacional, o salário mínimo deve ser suficiente para cobrir as despesas do trabalhador brasileiro e de sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

Porém, na realidade, o salário mínimo de R$ 937 aplicado em 2017 sofreu reajuste de 1,81% passando a ser R$ 954 a partir de janeiro deste ano, e as expectativas para 2019 não são tão positivas.

No próximo ano, o salário deverá subir apenas 4,6% contabilizando o total de R$998 mensais.

A PESQUISA

A pesquisa é uma iniciativa do curso de Ciências Econômicas da UFGD. Coordenada pelo professor Enrique Duarte Romero, o trabalho é desenvolvido mensalmente e conta com apoio de acadêmicos.

Para Enrique, o principal motivador dos ajustes nos valores foi a Greve dos Caminhoneiros. O docente contou ao Dourados News que, “há cerca de dois anos os preços vinham sendo estáveis, mas com o alarde de escassez, foi até previsível o aumento nas prateleiras”.

Via: Dourados News

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