Morte de torcedora do Palmeiras: Fantástico detalha o passo a passo do que aconteceu no dia 8 de julho
10:36 15/07/2023
Gabriela Anelli foi atingida no pescoço pelo estilhaço de uma garrafa após confronto entre torcedores. Só às 18h23, quando o conflito já tinha terminado, é que dá pra ver a chegada de policiais militares. A polícia tenta localizar quem arremessou a garrafa.
A polícia tenta localizar quem arremessou a garrafa que terminou provocando a morte da jovem Gabriela Anelli, de 23 anos, em São Paulo. Ela estava no entorno do estádio antes de um jogo entre Palmeiras e Flamengo e se tornou mais uma vítima da violência entre torcidas de futebol no Brasil.
Gabriela estava em todos os jogos do Palmeiras em São Paulo e viajava para acompanhar o time. E ainda fazia parte de uma torcida organizada do clube. No dia do jogo contra o Flamengo, Gabriela chegou no meio da tarde ao Allianz Parque, na Zona Oeste de São Paulo.
O Fantástico uniu imagens de câmeras de segurança, postagens de rede social e uma gravação feita pelo canal por assinatura ESPN e detalha o passo a passo do que aconteceu no último dia 8 de julho. Veja na reportagem em vídeo acima.
Passo a passo
Não dá pra saber o que motivou o início do conflito.
- 18h14, pouco menos de três horas antes do início da partida entre Palmeiras e Flamengo pelo Brasileirão: torcedores do Palmeiras passam pela barreira, que nesse momento está aberta;
- Os flamenguistas primeiro recuam, mas em seguida, se juntam e tentam empurrar os palmeirenses para o outro lado. Clima começa a ficar tenso;
- Um torcedor do Flamengo de camisa amarela se aproxima, tenta agredir os rivais e sai correndo. Até esse momento, só um Guarda Municipal é visto no local;
- Logo depois, um carro da Guarda cruza o portão, mas os ânimos seguem exaltados;
- Torcedores se provocam e discutem. Ao fundo, dá pra ver Gabriela, ao lado de outros palmeirenses;
- Um homem de camisa cinza aparece tirando dois torcedores do Flamengo da confusão, mas segue na discussão;
- Um torcedor do Palmeiras pula e arremessa um objeto na direção dos flamenguistas;
- Os dois lados passam a atirar coisas – não dá pra identificar se são copos, latas ou garrafas;
- Os Guardas Municipais tentam fechar o portão;
- O homem de cinza é contido por uma outra pessoa. Mesmo assim, ele se abaixa, pega uma garrafa que está no chão e arremessa. Pela imagem não dá pra ter certeza se ela atinge o portão.
Uma gravação feita da janela de um prédio mostra a movimentação do outro lado. É o momento em que o portão está sendo fechado. Dá pra ver Gabriela ao lado de um amigo. Eles saem andando e Gabriela leva a mão ao pescoço.
Na sequência, uma das pessoas que estão na janela diz: “ih, a menina desmaiou”. Na imagem seguinte, Gabriela já está desacordada – ela foi atingida no pescoço pelo estilhaço de uma garrafa.
Só às 18h23, quando o conflito já tinha terminado, é que dá pra ver a chegada de policiais militares – é a PM que faz a segurança em jogos de futebol.
Em nota, a Polícia Militar disse que respeitou o planejamento estabelecido pro evento e que atendeu prontamente a vítima.
Investigação e prisão
O torcedor do Flamengo Leonardo Xavier Santiago foi preso em flagrante.
O Fantástico teve acesso a audiência de custódia onde a Promotoria afirma que testemunhas apontaram Leonardo como o autor do crime. “Trata-se de gravíssima situação em que o agente no mínimo assumiu o risco de alcançar o resultado ao atirar uma garrafa, instrumento pérfuro-cortante na direção das vítimas atingindo região vital.”
“O Leonardo estava neste momento, mas não estava arremessando garrafas. O que ele teria dito é que ele arremessou gelo”, diz o advogado Renan Bohus.
Na quarta-feira (12), uma reviravolta no caso. Depois de analisar as imagens da briga, o Ministério Público pediu a liberação de Leonardo. Para o promotor, o principal suspeito é outro.
“Então essa pessoa, ela tinha o rosto com barba e a pessoa presa, o Leonardo não tinha barba. Ela trajava uma camisa cinza e o Leonardo trajava uma camisa com as cores do Flamengo”, diz Rogério Leão Zagallo.
O promotor pediu ainda que a investigação trocasse de delegacia.
“Nós não temos uma autoria definida. Nem um suspeito definido. A gente vai partir do zero”, diz Ivalda Aleixo, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa.
As imagens das câmeras de segurança do estádio do Palmeiras já foram solicitadas e novas testemunhas serão ouvidas.
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